sábado, 2 de novembro de 2013

a culpa por nós dois

As vezes fico brava por você não ter dado outra chance. Outra simples chance. Mas quase sempre eu consigo te entender e isso é o que mais dói: te entender. A culpa reside em mim e em cada momento eu lembro de uma situação passada e de como teria sido melhor se eu tivesse feito diferente, de como o futuro poderia ser diferente.
Culpa é uma coisa maldita. E você que dizia que eu desistia de tudo, agora está difícil manter o hábito. Não consigo dizer adeus; deixar o passado no seu lugar e nunca mais olhar para ele. Estão sendo tempo difíceis em que o pior não é nem a solidão, mas a culpa. CULPA. Palavrinha maldita que tem toda a razão. Logo ela.
Eu sei que você embora. Que teve seus motivos e que deixou o medo falar mais alto e desistir de vez. Eu sei que talvez não se arrependa e que essa seja uma decisão definitiva. E não questiono mais isso. Mas continuo aqui. Lembrando de beijos, abraços, conchinha, risadas e fotografias. Continuo em um tempo que parece ser o limbo entre o passado e o presente, uma realidade paralela de tudo que poderia ter sido diferente caso você tivesse dado outra chance ou caso eu tivesse me tocado na hora certa. 
Meu mundo é dedicado ao "e se..." e a culpa de saber que todas as hipóteses eram válidas e possíveis até semana passada, mas que hoje é diferente. Para você e para mim. Você foi embora e eu preciso ir também. Mas nunca disse tchau. E não sei como fazer isso agora.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

o que é ser pai

     Seu Fred era o tipo de homem que todos descreviam com a seguinte frase: "é trabalhador honesto". Alguns ainda acrescentavam o quão trabalhador ou o quão honesto ele era para intensificar o que todos achavam ser algo maravilhoso, mesmo que não quisessem para si.
     Trabalhar demais e ser honesto demais são características valorizadas nos outros -mas só nos outros e de longe - já que maioria quer fugir do peso que essas coisas trazem e argumentam dizendo que o excesso faz mal, que é necessário tempo para aproveitar a vida e que no país que estamos honestidade não resolve alguns problemas. Seu Fred não pensava assim. Ele nem se quer pensara em como seria não ser assim, simplesmente nascera dessa forma e nunca mudou. Sua crença era que só dessa forma poderia salvar o futuro das únicas pessoas que realmente amava: Mariane e Cláudio, seus filhos.
     Amor nunca foi o forte de Seu Fred, tinha coração de rocha, seus vizinhos mais próximos diziam que nunca se apaixonou de verdade por Seu Ninguém e sempre preferiu ficar sozinho até engravidar uma moça que ninguém sabe de onde veio nem para onde foi. Seus filhos, criados somente por ele, eram o que faziam Seu Fred acordar de madrugada e trabalhar exaustivamente como vigilante diurno e noturno.
     A casa era humilde, mas Mari e Cláudio sempre estudaram nas melhores escolas, não importava quantas noites de sono Seu Fred deveria perder para poder pagar. E sempre se vestiam bem também. Menos Seu Fred que tinha apenas um par de sapatos furados e duas calças jeans já desbotadas e velhas que ganhara de um vizinho que engordou e não pode usá-las mais.
     Todos na vizinhança o admiravam, mas se perguntavam se ele já fora feliz em algum momento de sua vida. Não que ele fosse um homem amargo, mas era muito quieto, um perfeito homem-de-poucas-palavras. Só ouviam sua voz de manhã quando ele acenava e dava bom dia para os que cruzavam com ele em seu caminho de trabalho ou quando estava com seus filhos.
     Seu Fred acumulava rugas no rosto que mostravam que a vida nunca havia sido fácil, mas que diariamente ele a enfrentava apenas para poder ver aqueles seres chamados de filhos felizes. Era esse o seu lazer, recompensa, preço, valorização e reconhecimento. Quando Mari e Cláudio cresceram, se mudaram para uma cidade grande para estudar em uma universidade renomada. Seu Fred financiou tudo.
     Alguns rumores dizem que a única vez que ele chorou foi nesse momento, já que os filhos saíram de casa. Há os que juram que foi por orgulho de ter cumprido seu tão suado objetivo. Há outros que têm certeza que foi de saudade antecipada. Os mais sábios dizem que foi por ambos os motivos. Não se sabe ao certo, a única informação concreta é que ele chorou.
   Um mês depois Seu Fred bateu as botas. Foi dessa para melhor. Faleceu. Foi encontrar com Deus. Ou todos os outros eufemismos que se usam para a morte. Os mesmos motivos do choro foram usados como justificativas para o ataque de coração fulminante e repentino.
    Hoje em dia, cinco anos depois de sua morte, com seus filhos já formados e bem sucedidos, Seu Fred é famoso por toda a redondeza, mas agora não é mais dono do título de "trabalhador honesto" como antigamente (embora nunca tenham conseguido um substituto páreo para sua honestidade e esforço), mas sim como "pai". Seu Fred viveu para ser pai. Morreu pai. E é lembrado como o melhor pai de todos os tempos. Mari e Cláudio se referem a ele como herói e dizem que nunca houve amor tão grande. Não há quem seja capaz de contestar.

HOMENAGEM A TODOS OS PAIS QUE, DE UMA FORMA OU DE OUTRA, TEM UM POUCO DE 'SEU FRED'.



segunda-feira, 8 de julho de 2013

ossos de vidro

     Ok. Eu entendi o recado. Sim, tudo bem. Quer dizer, na verdade não está tudo tão bem assim, mas fazer o quê? A opção de resposta que a vida oferece em momentos como esse é apenas essa e isso eu já aprendi muito bem e várias vezes.
     Vou deixar pra lá. Me deixar pra lá. E te deixar onde você quiser ir. Se quiser ir para o lado de lá comigo, me acompanhe, será muito bem vindo, mas lembre-se de como eu sou para depois não exigir nem esperar de mim coisas impossíveis. Se não quiser ir ou se não perceber que estou indo ou se não acompanhar, já não terei culpa, pois estarei me importando menos, do jeito que pediu. Então sinta-se mais livre do nunca, experimente a sensação que você mesmo procurou de ter a liberdade de alguém que não tenha quem se importar demais. É tudo menos daqui para frente. 
     Não era como eu queria nem muito menos como imaginava que seria esse momento da nossa vida, mas não vejo soluções, só problemas que nunca param de surgir. Por isso, vou deixar tudo para lá, vou jogar o que for preciso ao vento e esperar pra ver. Tempos difíceis já me ensinaram que não sou de vidro. Posso aguentar os baques da vida sem me quebrar como das outras vezes, então vamos lá, realizar seu pedido que não é primeiro, nem segundo, mas que agora concretiza. 
     Seja feliz.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

relato

     Entristeci só de pensar no pensamento de um dia, mesmo longe, o amor passar, a relação acabar, o vento mudar e nós dois nos afastar. A tristeza então ficou ainda mais forte quando percebi que estava te dizendo que insanidades rolavam em minha cabeça e que você ficava cada vez mais sem reação.
     Meu coração chorava como forma de me alertar que tudo aquilo era uma grande besteira, era aquele tipo de medo que vem por 5 milésimos de segundos e depois vai embora. Como pude acreditar, mesmo por esse tempo, nessas coisas? Não me perdoo por isso e acho que a culpa não sairá de mim tão cedo. A culpa de ter pensado, acreditado, e ter te feito pensar e acreditar também.
     Bastou olhar para você para que tudo aquilo fosse embora e eu me desse conta do quão tola estava sendo, bastou ver seus olhos, bastou pensar em ficar sem você para eu perceber que não há mais caminho de volta, não há menos. Há apenas mais e medos. Mais amor, mais desejo, mais certeza. E medo de qualquer coisa que às vezes aparece.
     No final das contas e do texto, só quero deixar claro que fico feliz de você estar comigo e me amar do modo como me ama. E que me sinto mais feliz ainda por te amar e por saber que escolhi para o meu futuro você. Obrigada. Eu te amo.


domingo, 2 de junho de 2013

esc

Este é um momento ruim
Momento em que até quando a felicidade vem
A lágrima cai
Porque sabe que ela veio, mas vai embora rápido

dança da solidão

     A solidão bate forte na porta. Toc, toc, toc. Eu não preciso perguntar quem é, ultimamente apenas ela está próxima de mim a ponto de bater em minha porta sem desistir. Eu já sei. E torço para que você possa perceber e mandá-la embora, gritar de uma maneira com que ela tenha certeza que não há espaço aqui e que ela não pode mais aparecer.
     Porém, nada disso aconteceu. Você não percebeu. Continuou ocupado com desculpas e planos pessoais, com uma idealização em coisas que não acontecem, com ideias inexplicáveis e com sentimentos que vivem sempre por um triz. Desta forma, não havia motivo para a solidão não entrar. Ela sabia pelo silêncio que todo o espaço estava vazio e que ela poderia se ocupar ali o tempo que fosse preciso.
     Entrou. Fez de meu coração um lar permanente, ocupou mais espaço do que eu mesma poderia prever. E você continuou como sempre: dizendo ser o suficiente em tudo que fazia, depositando toda a culpa dos problemas do mundo em mim e pensando em si, praticando o egoísmo do jeito mais primitivo que se poderia fazê-lo.
     Então, a solidão batia e entrava todos os dias, a todo momento que quisesse. E virou minha parceira enquanto você se distraia. A solidão veio, ficou e já mandou avisar que não vai embora, que o coração mesmo cheio das cicatrizes é o lar ideal para ela. E ele não questiona, pois sabe que se for esperar por você o silêncio vai permanecer.


sábado, 1 de junho de 2013

amor

O amor é lindo
mas vem com um bocado de sentimento ruim
O amor é lindo
mas cria expectativa demais
O amor é lindo
mas tem muito medo
O amor é lindo
mas corre muitos riscos
O amor é lindo
mas depende de outra pessoa também
O amor é lindo
mas pode doer
O amor é lindo
mas é confuso
O amor é lindo
mas é incerto
O amor é lindo
mas é feio.